TSSSS!

Hoje o post é regional e um pouco bilíngue; prepara o TOEFL e a japona.

Quando eu vim pra Curitiba, saindo do interior paulista há 12 anos atrás, me vi em um Brasil “diferente”. Mas este texto não vai tecer os elogios que você já ouviu sobre a cidade que adotei e aprendi a amar – deixo esse serviço para os guias turísticos.

 

Confesso que torci para que meu primeiro cachorro quente em terras paranaenses viesse com salsicha, mesmo aceitando as duas vinas oferecidas pelo vendedor. Também fiquei assustado ao ver um homem de sunga, cheio de óleo pelo corpo, andando de bicicleta pela cidade num frio de bater o queixo. Por aqui existem coisas realmente difíceis de entender: uma das melhores costelas assadas que já provei é servida em um lugar que você certamente não levaria sua família pra jantar. Curitiba é mesmo uma cidade impressionante.

 

Foto meramente ilustrativa 

Posso mudar de cidade novamente, mas dificilmente esquecerei duas coisas que aprendi aqui e que marcarão minha existência por um bom tempo. A primeira apresento na referência do título: muleque virou piá. Não tem jeito, dificilmente utilizarei outra palavra ao me referir a uma criança, um jovem ou a meninada toda. Fui contaminado pela “piazada” do sul.

Piazada pirando no flogão

O segundo aprendizado enche nossos copos neste momento: Curitiba me ensinou a inserir cerveja no cardápio da vida. Depois de um longo tempo, também me instruiu a beber menos (e melhor) e principalmente, a consumir opções de cervejarias locais.

Curitiba é uma cidade importante no recente “boom” das cervejas artesanais nacionais. Mais do que um modismo, a cena cervejeira local já é algo cultural.

Provavelmente você que lê este blog já encheu seu growler na Bodebrown, topou com algum chopp da Klein (de Campo Largo, vale a menção) naquele bar improvável ou esbarrou em cervejas da Bier Hoff em um mercado de esquina. Não é difícil encontrar boas e premiadas cervejas curitibanas, sendo cada vez mais frequente a presença de rótulos diferentes e locais nas ruas e mesas da cidade.

Algumas cervejas curitibanas

Um dos pontos mais interessantes disso tudo é que, apesar de grande parcela do consumo ainda ser relacionado a uma classe mais “abastada”, boa parte das ótimas cervejarias da cidade se encontram em bairros populares como Boqueirão, Hauer e região metropolitana. Diversas marcas abrem suas portas, realizam eventos, incentivando a economia local e a descentralização do consumo.

Uma dessas ótimas marcas presentes no universo curitibano de cervejas é a Way Beer. É produzida em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba e tem espaço garantido nos copos pela cidade.

É uma marca com boa distribuição, facilmente encontrada. A Amburana Lager, a Avelã Porter e a APA produzidas pela Way são presenças constantes em minha geladeira. Aliás, a Amburana Lager por si só merecia outro post – acredito que ela esteja facilmente no meu TOP 10. Mas hoje falaremos de outra cerveja e de outros voos da firma.

Eu tomei uma Farmhouse Ale Butiá para escrever este texto – o rótulo faz parte de uma série sazonal da marca. As farmhouses ales também são conhecidas como Saison, sendo um estilo bastante desenvolvido atualmente no mercado americano.

Precisamos trocar essa câmera, Bruno 

Estilo surgido na Bélgica, era inicialmente a bebida elaborada para que os trabalhadores do campo bebessem no verão. Produzida no final do inverno, em uma época em que não existia controle de temperatura, a cerveja era forte o suficiente para durar até a estação mais quente.

Mesmo apresentando um elevado teor alcoólico, a produção precisava ser refrescante o bastante para quando as altas temperaturas chegassem. Esse fato era conseguido geralmente com adição de especiarias e frutas, além do lúpulo. Esses ingredientes mágicos variavam de acordo com o local onde as cervejas eram produzidas, tornando o estilo uma base para diferentes sabores. No nosso exemplo, a Way traz a fruta brasileira butiá em sua composição.

Prazer, Butiá!

Uma pausa antes de continuar com a degustação. Você deve estar se perguntando há um tempo: “por que esse piá do djanho escreveu o título em inglês?”. É aqui que suas dúvidas acabam: essa cerveja curitibana tem um pai americano. Ela é produzida em parceria com a cervejaria Stillwater Artisanal, dos Estados Unidos. O rótulo também é um viajante: foi lançado no Copenhagen Beer Celebration, na Dinamarca. Soma-se a tudo isso o fato da Way Beer estar se internacionalizando este ano, exportando rótulos para a terra do Tio Sam. Do regional ao internacional: sim, the brazilian beer is on the table!

Alejandro (Way), Brian (Stillwater) e Alessandro (Way). Piazada boa viu!

A Farmhouse Ale Butiá da Way é uma cerveja seca, mas que não apresenta um álcool evidente no paladar (mesmo contando com 7,2% ABV). O aroma é frutado, herbal e levemente azedo. Mesmo sem conhecer o butiá, você sabe que a fruta está ali. Na boca é um pouco cítrica, frutada e saborosa: convida para o próximo gole. Se você nunca experimentou uma Saison, pode parecer uma cerveja muito diferente em um primeiro momento, mas aposte que a diversão é garantida.

Way Farmhouse Ale Butiá

As cervejas de Curitiba e região irão figurar outras vezes por aqui. A cidade fervilha de boas ideias e ótimos rótulos, produzidos por uma crescente onda de marcas que acreditam na força local. Abra a cuca, “pare de tomar tubão” e aposte na cerveja do seu quintal.

 

SAÚDE, CHEERS, VIDA LOKA!