Eis um post especial! Bom, pelo menos assim o considero por conter a resenha de uma cerveja ainda com status de recém lançada. Trata-se da Wanna Funky?, terceiro rótulo dos caras da Gobe Brew. A Wanna Funky? foi oficialmente lançada no último dia 19/06/16 durante a festa fodástica de um ano da God Save the Beer. E posso dizer que a receptividade por parte do público não podia ter sido melhor; eu mesmo presenciei algumas substituições de barril.

 

Enquanto lá eu consegui ter conversas rápidas sobre a cerveja, aqui eu tenho mais tempo e espaço para falar dela. A Wanna Funky? é uma Farmhouse Ale, estilo que já foi visitado por meus colegas blogueiros aquiaquiaqui e aqui (popular, não?). Dado o precedente, não comentarei sobre o estilo em si, mas focarei em uma outra característica peculiar dessa cerveja: a fermentação com Brettanomyces (ou Brettas). Uma curiosidade: apesar de estar estampada no rótulo a frase “Farmhouse Ale com Brettanomyces”, o próprio nome da cerveja dá uma pista. As cervejas “funk” são assim chamadas por conter algum tipo de fermentação promovida por leveduras selvagens. Então Wanna Funky? é, realmente, um nome bem sugestivo. Mais uma excelente sacada da dupla de cervejeiros da Gobe: usar uma levedura selvagem em uma cerveja de estilo rústico, bucólico, rural. Bingo.

As Brettas por tempos foram indesejáveis à cerveja, pois traziam aromas peculiares (no mau sentido). Mas, eventualmente, cervejeiros conseguiram domar esses seres e eles passaram a ser utilizados justamente por suas características. Em muitos casos, seu uso busca trazer azedume e/ou acidez à cerveja, marca dos estilos Lambic e Flanders Red Ale, por exemplo. Ainda assim, esses elementos podem se manifestar de maneira mais discreta. É o caso da Wanna Funky?.

Vamos a ela. Olha, até o famosíssimo barulho “TSSS” que adoramos ouvir ao abrir uma cerveja, na Wanna Funky? se manifesta em dobro. Primeira deixa sobre a carbonatação. A confirmação vem ao servir; a carbonatação é absurdamente alta, tanto que mesmo com todo meu cuidado, tive que esperar algum tempo para baixar a espuma. Movimentação intensa das grandes bolhas até estourar de forma barulhenta. Selvageria correndo solta.

Depois que as coisas se acalmam podemos finalmente sentir melhor o aroma. De cara fica bem perceptível a leveza da cerveja. Aroma complexo, frutado, que para mim puxou para o abacaxi. A acidez também é suave, mas notável. E vale registrar que a cada girada marota do copo, aquela que fazemos para liberar os aromas, a espuma se forma novamente como se tivesse sido servida pela primeira vez. Coisa linda.

Na boca novos sabores aparecem. Além das frutas e da leve acidez, entram em cena os lúpulos.  O amargor é de responsabilidade das variedades Simcoe e Equinox, que dão conta do recado e equilibram bem o dulçor do frutado. Mas, a exemplo dos outros elementos da bera, o amargor também é suave (15 IBUs). Juntando tudo, o que se tem é uma cerveja refrescante e moderadamente alcoólica (6,4%), daquelas para se tomar litros.

Ah, antes que me esqueça. Vale a pena olhar o rótulo novamente: é tão sugestivo quanto o próprio nome da cerveja. Um celeiro e um trator com clara alusão à Farmhouse Ale, até aí tudo bem. Mas e o gnomo muito loko com aqueles olhos hipnóticos? Seria consequência dos cogumelos flutuantes nas laterais? Demais, ponto pra Gobe.

Trilha sonora: já que estamos em clima folk, Finntroll – “Nattfödd”